quarta-feira, 16 de junho de 2010

FUTEBOL BONITO x $ $ $ $

É unânime a opinião de que foi feio o futebol jogado por todas as seleções, do início da copa da África até agora. A exceção é a Alemanha.

Sinceramente, faz tempo que não vejo “futebol bonito” em lugar algum. E não é somente em nossa terra, onde vários fatores extra campo interferem no “quebra-canela”, como salários atrasados e técnicos degolados após duas ou três derrotas. Na Europa, a Inter não praticou um futebol ofensivo contra o Barcelona no segundo jogo da semifinal da Copa dos Campeões. Pelo contrário, aplicou o famoso “ferrolho”. Avançou à final e levantou a taça.

Peço que perguntem aos torcedores do time italiano o que eles preferem. O maior título europeu interclubes ou jogar bonito contra a fortíssima equipe espanhola e ser eliminado. E olhem que mesmo assim faltou apenas um gol para que isso acontecesse.

Quem cobra técnica dos atletas são os mesmos que repetem as frases mais faladas por narradores e comentaristas quando uma finalização, por "preciosismo", é interrompida por um zagueiro: “demorou para chutar!” ou quando um atacante tenta achar um companheiro melhor posicionado: “devia ter chutado!”. Aí está uma prova que um jogador que pretenda fazer uma jogada mais refinada, segundo esse povo, está totalmente fora do seu juízo perfeito. Driblar perto da área nem pensar! O negócio é dominar e chutar e fazer gol de qualquer jeito. Liquidar a fatura.

Falam que o zagueiro que domina a bola e procura um companheiro para sair jogando é lento, amarra o jogo, o certo é chutão pro ataque, rifar a bola. Beleza... mas chutão sem direção é o mesmo que nada.

Sobre o jogo da Alemanha, houve goleada justamente porque a Austrália optou pela atitude ofensiva, ou seja, mesmo com limitações técnicas, tentou jogar bonito e deu no que deu, caso contrario, os alemães teriam o mesmo problema de Brasil contra Coréia ou que a Argentina contra Nigéria nos seus primeiros jogos. Ou pior, o que aconteceu agora a pouco com a Espanha, que foi impedida pela Suíça de marcar um ponto sequer.

E por que a foto do escudo da CBF acima? Explico (mesmo não sendo muito necessário): Jogando bem ou mal, passar para a próxima fase e chegar à final de uma copa do mundo quer dizer: jogadores assinando novos contratos milionários ou valorizando os já existentes; dar entrevistas com os logotipos dos patrocinadores como pano de fundo, isto é, dinheirinho no bolso. É o que jogadores e delegação querem e não vão arriscar isso somente para encher os olhos da torcida (às vezes entregar o jogo é mais lucrativo... mas não vou falar sobre isso).

Enfim, no caso do futebol de alto nível (financeiro, é claro) como o das Copas, o vil metal fala mais alto que a nobreza do esporte e da competição. Pergunto: por que um campeonato mundial de ping-pong, por exemplo, não tem a repercussão midiática idêntica a de uma Copa do Mundo?

Resumindo: vou continuar doente por futebol, mas a cobrança por um “futebol bonito” vou deixar (e peço para que deixem) para os poucos que realmente tem esse direito: Pelé, Gerson, Falcão, Zico, Ronaldo Gaúcho...

*** o popular ping-ping é formalmente chamado Tênis de Mesa.

ESCUTANDO: Dorsal Atlântica, Antes do Fim - 1986

domingo, 4 de abril de 2010

A EDUCAÇÃO... E A FALTA DELA.

Ao acordar na última sexta-feira, o morador de rua de Porto Alegre Vanderlei Pires, conhecido como Ratinho (foto), 35 anos, notou que sua pele e roupas estavam cobertas por tinta prateada e urina.

Uma mulher em um ponto de ônibus próximo, anotou a placa de um veículo Pólo, do qual segundo ela, desembarcaram algumas pessoas que urinaram na vítima que dormia.

Motivado pela repercussão que o caso teve na mídia nacional, já no sábado, o principal suspeito da agressão, um homem de 26 anos, se apresentou à polícia. Os depoimentos oficiais, dele e da dona do carro, uma mulher de 46 anos, serão colhidos na segunda-feira.

Em Brasília, há algum tempo atrás, jovens atearam fogo em um índio, também morador de rua.
Outros jovens, no Rio de Janeiro, espancaram uma empregada doméstica que esperava a condução para ir trabalhar, estes ainda justificaram: “pensamos que se tratava de uma prostituta”.

Nestes casos, quando detidos e julgados, os agressores alegam que estão arrependidos e reúnem provas que ressaltam suas virtudes. Levam aos tribunais parentes e conhecidos para dar testemunhos sobre sua natureza pacata.

Acreditam (já que o preconceito é moeda corrente em nossa sociedade) na normalidade de uma atitude destas ("prostitutas, índios e mendigos tem mesmo é que apanhar"), pois a violência, motivada por vários fatores, fez parte de sua vida desde a infância, em casa e na convivência com outras crianças.

Nos colégios, o “bullying” é ignorado pelos que deveriam estar preparados para erradicar este problema, que é, em muitos casos, incentivados pelos pais com a desculpa da “lei da sobrevivência” que reza: "se alguém tem que chorar, que chore o filho dos outros”.

Está errado! Nada justifica a violência. Sem contar que ela nunca resolveu e nunca resolverá problema algum! E não será uma pessoa só que acabará com o problema dos moradores de rua (caso estas agressões não foram somente por pura diversão).

Concordo que as cidades ficariam mais bonitas e principalmente mais seguras sem as “crackolândias”, por exemplo, locais onde a degradação humana chega ao limite e culpadas pelo aumento do número de assaltos e mortes em “todas” as cidades do pais. Mas elegemos pessoas justamente para resolver problemas deste tipo. Sem violência nem humilhação.

Falei somente sobre a falta de educação, mas este caso de Porto Alegre, embora triste, revelou ao Brasil pessoas que devem ser valorizadas e imitadas, que aplicaram como se deve, a educação familiar e acadêmica que receberam: a cidadã Ana Cecília dos Santos, que indignada com o que presenciou, anotou a placa do veículo denunciando os agressores, e o advogado Jéferson Cardoso está tratando do caso juridicamente.

ESCUTANDO: nada.

sexta-feira, 26 de março de 2010

DONA IVONE LARA

Tive o privilégio de escutar desde criança, em casa e nas festas da família, sambas dos maiores compositores: Ismael Silva, Cartola, Noel Rosa, Nelson Cavaquinho, Ary Barroso. Quando alguém puxava um samba mais “moderno”, era Paulinho do Viola, João Bosco e Aldir Blanc...

Hoje faço esta distinção entre compositores, na época apenas viajava com as harmonias destas músicas, acompanhando-as batendo um garfo em um prato ou em uma garrafa, torcendo para alguém largar um instrumento para poder tocar.

E é esta diferença entre a forma de compor que explica porque eu gostava apenas da letra de algumas músicas ou da ginga de outras, e porque alguma coisa diferente acontecia quando escutava musicas como: “Eu vim de lá”, “Acreditar”, “Enredo do meu samba”, “Sonho meu”, e outras de Dona Ivone Lara, que me encantavam de primeira e ficavam grudadas em minha cabeça por dias, pois aquela melodia e aquela cadência, até então, não tinha ouvido em outras canções.

Dona Ivone Lara traz em suas composições a riqueza de sua origem misturando o canto dos negros livres africanos, canto este alegre por sua natureza, mas triste por ter sido trazido para o Brasil à força. Traz o atabaque da capoeira e os cantos de umbanda. Traz a genialidade de Pixinguinha e Waldir Azevedo, de Charles Bird, Miles Davis e Duke Ellington, os quais compuseram obras de igual quilate.

O maestro Vila-Lobos já havia notado o talento daquela aluna de canto de sua esposa Lucília. A mesma menina que se tornaria a primeira mulher a ingressar na ala de compositores de uma escola de samba, a Império Serrano.

Um time de grandes cantores interpretaram e interpretam seus sambas, entre eles Roberto Ribeiro, Paulinho da Viola, Clara Nunes, Beth Carvalho, Gilberto Gil, Maria Bethânia e Caetano Veloso, este último com quem compôs a pérola “Força da Imaginação”, trecho abaixo:

“Quando uma escola traz de lá do morro
O que no asfalto nem é sonho
Atravessa o coração
Um entusiasmo medonho
Força da imaginação
Se espalhando na avenida
Não pra mimar a fraqueza
Mas pra dar mais vida a vida”

Escutando: Beth Carvalho, Traço de União - 1982

sexta-feira, 12 de março de 2010

GLAUCO FOI ASSASSINADO


Batizado por Millor, Jaguar e Ziraldo, criou personagens históricos (companheiros de minha infância, adolescência e velhice): Doy Jorge, Zé do Apocalipse e Casal Neuras entre outros. Publicados em revistas e jornais como a Chiclete com Banana e Folha de São Paulo. Com Angeli e Laerte fez Los tres Amigos. Geraldão (foto), meu xará, também ganhou revista própria.

Ele e seu filho foram mortos a tiros na madrugada de hoje.

"Por que?"

Será que é porque qualquer pessoa que queira, anda armado "para cima e para baixo" e atira "para cima e para baixo" quando bem entender? 

Escutando: Al Di Meola / Jhon McLaughlin / Paco de Lucia, Friday night in San Francisco - 1981

terça-feira, 5 de janeiro de 2010

CADASTRO DE MOTOBOYS

A Urbs (Urbanização de Curitiba S.A.) resolveu cadastrar os motofretistas curitibanos para que este serviço seja regularizado visando oferecer segurança e organização para a classe. Para o cadastro ser efetivado é necessária a participação em um curso de capacitação com 40 horas de duração, este curso é gratuito. Estima-se que existam vinte mil destes profissionais em Curitiba, cadastraram-se apenas um mil e quinhentos, isto é, um pouco mais de 7%. À partir de hoje, multa para os não cadastrados.

Quando perguntados sobre o motivo do não cadastramento a resposta dos motoqueiros é que faltam informações a respeito da lei ou que falta tempo para fazer o curso.

Representantes da classe afirmam que o cadastro não tem o incentivo dos empregadores pois, em Curitiba, 78% dos moto-boys não tem carteira assinada (no interior do estado a média chega aos 90%) e que em uma profissão regulamentada não é possível, por exemplo, exigir que seu funcionário entregue uma pizza onde quer que seja em 15 minutos, caso contrário, o empregado é quem vai arcar com o valor da entrega. 

Este é mais um problema que o estado deixará ficar gigantesco para tomar providências.

O crescimento desenfreado desta nova profissão lembra muito o que acontece quando se constroi uma obra vultuosa, uma grande estrada, uma hidroelétrica. Milhares de trabalhadores dirigem-se para o local da obra para trabalhar sem as mínimas condições, só que no caso dos motoboys não existe o êxodo, trata-se de uma solução local para os problemas de logística do contratante e também para a solução para o desemprego pela outra parte.

Comparo esta profissão com a dos garimpeiros, que ficaram conhecidos por rumarem para a região norte do país, os quais não tinham nem cadastro nem regulamentação.

Assim como os motoboys os garimpeiros poluiam, sofriam e causavam acidentes, porém não incomodavam ninguém, pois estavam à milhares de quilómetros dos grandes centros, logo, não havia necessidade de cadastro. Caso morressem, eram jogados em uma valeta e “bola pra frente”. A diferença é que, os problemas causados ou sofridos por motoqueiros é compartilhado diretamente com a sociedade, que os culpam pelo caos no trânsito e os trata com preconceito.

Em contrapartida, estes trabalhadores, enquanto informais, vão continuar promovendo este caos, o ciclo é vicioso.

Pois e, a vida e assim, o tempo passa, as situações e os ambientes são outros, mas os problemas sempre persistem. 

ESCUTANDO: The Cult, Eletric - 1987

segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

ÁRBITRO PEDE DESCULPAS AOS BLUES E VIRA PADRE


Tom Henning Ovrebo ficou mundialmente conhecido por arbitrar e não apitar três pênaltis na semifinal da Copa dos Campeões entre Chelsea e Barcelona em pleno Stamford Bridge. O jogo terminou 1 x 1, resultado que eliminou o clube inglês e colocou o Barça na final.

A Folha de SP garante que a entrevista da qual retirei trechos é verdadeira. Aí vão:

“Apenas o retiro, a busca da espiritualidade integral e a entrega aos demais me permitirão recuperar a paz perdida naquela noite fatídica em Londres. Peço desculpas publicamente ao Chelsea, a todos. E vou me tornar um padre. Daqui para a frente serei o padre Knut. -Minha ideia é ser um missionário.”

”Busquei uma explicação para o meu desempenho em Stamford Bridge e não consegui encontrar nem em Freud ou qualquer outro. Vivi um pesadelo quase diário, sempre me apareciam Drogba, Ballack, Essien. Meus erros se prolongaram no tempo. Não ouvirão mais falar de mim.”

"Frequentemente recebia mensagens com imagens dos pênaltis. Estou me retirando deste mundo da arbitragem pois não quero mais causar danos a ninguém. Minha alma está tranquila. Outro árbitro vai ocupar meu lugar mais cedo ou mais tarde."

Alguns dizem que tudo não passa de armação, pois uma das fontes da suposta entrevista é o diário espanhol As. Dizem que este é responsável também pela montagem acima por ser hoje o dia de Todos os Santos neste país, dia que os espanhóis consideram o dia da mentira.

Procurei no saite do Estadão onde ele consta como um dos pré-selecionados para atuar na copa de 2010.

Verdade ou mentira esta notícia deveria servir para que os inatingíveis árbitros brasileiros reflitam sobre as atrocidades cometidas no último campeonato nacional e outras copas.

Já que a reclusão que realmente eles merecem não vai acontecer, convertam-se ao cristianismo, de preferência um seminário onde não tenha um campo de futebol.

ESCUTANDO: Airto Moreira, Missa Espiritual - 1984.

sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

MORRE UM GRANDE HUMORISTA BRASILEIRO

Houve um tempo em que todos os curitibanos, mas todos mesmo, conheciam um deputado estadual e apresentador de de tv (e político assistencialista) chamado Luiz Carlos Alborghetti. Em qualquer lugar, em algum momento ele era citado.

Ricos, pobres, crentes, católicos, roqueiros, sertanejos, empresários, empregados assistiram seu programa policial ao menos uma vez, nem que fosse somente para conhecê-lo. A maioria não gostava ou odiava.

Conheci pessoas que o assistiam como se assistissem a um programa de humor (vejam a falta que um humorista decente não faz), pois bandidos eram esculhambados tal qual Seu Madruga nas mãos do Chaves.

Outra identidade com os programas humorísticos eram os bordões, repetidos por toda a cidade a toda hora.

O ponto alto do programa era mostrar meliantes presos e baleados, isto é, quando sentavam “NO COLO DO CAPETA” ou “NA TROMBA DO ELEFANTE” e ficavam “NO BICO DO CORVO” ou “NO BEIÇO DO MACACO”. Ou iam para onde, na idéia dele, é o melhor lugar para abrigar marginais: “CEMITÉRIO!!! CEMITÉRIO!!! CEMITÉRIO!!!”, pois "BANDIDO BOM É BANDIDO MORTO".

ESCUTANDO: Stray Cats, Stray Cats – 1981