terça-feira, 5 de janeiro de 2010

CADASTRO DE MOTOBOYS

A Urbs (Urbanização de Curitiba S.A.) resolveu cadastrar os motofretistas curitibanos para que este serviço seja regularizado visando oferecer segurança e organização para a classe. Para o cadastro ser efetivado é necessária a participação em um curso de capacitação com 40 horas de duração, este curso é gratuito. Estima-se que existam vinte mil destes profissionais em Curitiba, cadastraram-se apenas um mil e quinhentos, isto é, um pouco mais de 7%. À partir de hoje, multa para os não cadastrados.

Quando perguntados sobre o motivo do não cadastramento a resposta dos motoqueiros é que faltam informações a respeito da lei ou que falta tempo para fazer o curso.

Representantes da classe afirmam que o cadastro não tem o incentivo dos empregadores pois, em Curitiba, 78% dos moto-boys não tem carteira assinada (no interior do estado a média chega aos 90%) e que em uma profissão regulamentada não é possível, por exemplo, exigir que seu funcionário entregue uma pizza onde quer que seja em 15 minutos, caso contrário, o empregado é quem vai arcar com o valor da entrega. 

Este é mais um problema que o estado deixará ficar gigantesco para tomar providências.

O crescimento desenfreado desta nova profissão lembra muito o que acontece quando se constroi uma obra vultuosa, uma grande estrada, uma hidroelétrica. Milhares de trabalhadores dirigem-se para o local da obra para trabalhar sem as mínimas condições, só que no caso dos motoboys não existe o êxodo, trata-se de uma solução local para os problemas de logística do contratante e também para a solução para o desemprego pela outra parte.

Comparo esta profissão com a dos garimpeiros, que ficaram conhecidos por rumarem para a região norte do país, os quais não tinham nem cadastro nem regulamentação.

Assim como os motoboys os garimpeiros poluiam, sofriam e causavam acidentes, porém não incomodavam ninguém, pois estavam à milhares de quilómetros dos grandes centros, logo, não havia necessidade de cadastro. Caso morressem, eram jogados em uma valeta e “bola pra frente”. A diferença é que, os problemas causados ou sofridos por motoqueiros é compartilhado diretamente com a sociedade, que os culpam pelo caos no trânsito e os trata com preconceito.

Em contrapartida, estes trabalhadores, enquanto informais, vão continuar promovendo este caos, o ciclo é vicioso.

Pois e, a vida e assim, o tempo passa, as situações e os ambientes são outros, mas os problemas sempre persistem. 

ESCUTANDO: The Cult, Eletric - 1987

Nenhum comentário: